0
O Asus Eee foi anunciado em Junho e custaria originalmente US$ 200. O lançamento foi adiado várias vezes e o preço subiu para US$ 300 na versão mais barata, mas tudo indica que ele deve realmente chegar (em volume) ao mercado em novembro, com distribuição nacional a partir de dezembro. Este artigo é um apanhado geral sobre as informações que já estão disponíveis, incluindo detalhes técnicos, modelos, preços e insights sobre o que esperar.
O Eee é uma espécie de versão de consumo do Intel Classmate, o mini-notebook destinado ao uso na edução. Existem muitas diferenças externas entre os dois, mas internamente os dois são muito semelhantes. Isso acontece por que a Intel abriu a arquitetura desenvolvida para o Classmate, permitindo que outros fabricantes adaptassem o projeto e o usassem para desenvolver outros produtos. O negócio da Intel é vender processadores e chipsets, de forma que quanto mais fabricantes desenvolvendo produtos baseados neles, melhor.

Classmate e Eee
Apesar de os PCs de alto desempenho terem assegurado o seu nicho de mercado, a maioria das pessoas usa o PC apenas para acessar a web e rodar tarefas leves e por isso acabam preferindo PCs de baixo custo, ou notebooks mais portáteis. O surgimento de uma classe de mini-notebooks de baixo custo, que ofereçam um desempenho aceitável para navegar tem tudo para atingir em cheio esse público. Mesmo quem já tem um bom PC, vai com certeza se sentir tentado a comprar um para usar como segunda máquina.
index_html_m6f8db5f3
Possivelmente, o Eee é apenas o primeiro de uma nova classe de sub-notebooks ultra-compactos e de baixo custo. Arriscaria dizer que daqui a dois ou três anos uma boa parte dos notebooks vendidos seguirão essa mesma linha.
Vamos então a uma análise mais detalhada do que esperar.
Em primeiro lugar, os aspectos externos. O Eee utiliza um design tradicional, com a bateria instalada sob a base da tela e portas USB de ambos os lados, como você pode ver nestas fotos do Jason, do asusreviews.com:
index_html_mee6e60
Ele inclui um leitor de cartões SD, 3 portas USB, saída VGA e rede 10/100, além da placa wireless interna (o modem discado estava presente em alguns dos protótipos, mas foi removido nos modelos de produção). No total ele pesa apenas 930 gramas, o que o torna um dos notebooks mais compactos do mercado.
O Eee é baseado em uma versão de baixo consumo do Celeron-M, baseada no core Dothan. O Dothan é o core utilizado nos processadores Pentium-M e Celeron-M, antecessores dos Core 2 Duo, que são utilizados até hoje em muitos notebooks de baixo custo.
Apesar de ser consideravelmente mais lento que um Core 2 Duo do mesmo clock, o Dothan é relativamente barato de se produzir, pois é um processador single-core que possui pouco cache e graças a isso ocupa uma área de apenas 84 mm² no waffer de silício, contra 144 mm² do Meron, usado no Core 2 Duo. Isso permite produzir mais processadores por waffer, o que reduz os custos de produção por unidade quase que proporcionalmente.
index_html_7cc83ad8
O Celeron-M ULV de 900 MHz usado no Eee
Outra informação importante é que o Dothan é ainda produzido usando a técnica de 0.09 micron, enquanto os Core 2 Duo são produzidos usando a técnica de 0.065 micron. Isso permite que a Intel produza os processadores utilizando as fábricas antigas, que já tiveram seu custo amortizado pela produção da geração anterior de processadores. Graças a isso, podem vender os processadores a um custo bastante baixo.
Por ser relativamente pequeno e operar a uma freqüência baixa, esta versão do Celeron consome cerca de 5 watts, o que é bem pouco se comparado a outros processadores atuais. O principal problema é que ele vem com o suporte a SpeedStep desativado, de forma que o processador consome apenas 5 watts, mas consome 5 watts o tempo todo.
A principal dúvida com relação ao processador é se os modelos de produção do Eee utilizarão o Celeron M ULV 353, que é o modelo "completo", com 512 KB de cache L2 ou se ele virá com o Celeron M "miserable edition" (o mesmo utilizado no Intel Classmate) que vem com o cache L2 inteiramente desabilitado.
Os dois processadores são idênticos fisicamente (já que a desativação do cache L2 implica apenas na desativação de algumas trilhas internas do processador), de forma que não é possível diferenciar os dois através de fotos. Apesar do clock mais baixo, a performance do Celeron com 512 KB de cache não é assim tão inferior à dos Celeron M de 1.4 GHz usados nos notebooks de baixo custo a até bem pouco tempo atrás, mas o desempenho do Celeron sem cache é consideravelmente mais baixo.
O chipset usado é um Intel 915GMS, que é uma versão de baixo custo do chipset 915GM usado em muitos notebooks. A única diferença entre os dois é que o 915GMS utiliza um controlador de memória single-channel (enquanto o 915GM suporta dual-channel), o que de qualquer forma não faz muita diferença nesse caso, já que o baixo clock do processador faz com que a diferença de desempenho ao utilizar dual-channel seja pequena.
index_html_m79fa1385
Os chips de memória RAM são soldados diretamente na placa-mãe (como podemos ver na foto do 3Dnews.ru acima), mas tudo indica que a versão de produção incluirá um slot SODIMM que permitirá a instalação de um módulo DDR2 extra. Essa informação é confirmada por esta outra foto, do hispazone.com:
index_html_m3f318cf9
O chipset de vídeo é um Intel GMA 900 integrado, que opera a 200 MHz. Novamente, é o mesmo chipset 3D usado em muitos notebooks com chipset Intel de uma geração atrás. Ele possui recursos 3D e pode ser usado para rodar jogos simples, mas naturalmente o desempenho é bastante fraco, mesmo se comparado a outros chipsets onboard atuais.
Para cortar custos e reduzir o tamanho do aparelho, optaram por utilizar uma tela de apenas 7", com resolução de 800x480. Assim como no caso dos processadores, o preço das telas de LCD é diretamente relacionado ao tamanho. Isso faz com que a tela de 7 polegadas do Eee custe quase um oitavo do preço de uma tela de 19", como as usadas em monitores para desktops. Se calcularmos que hoje já é possível comprar um LCD de 19" (ou EUA) por menos de US$ 300, vemos que o custo de produção da tela usada no Eee pode ser muito baixo.
A princípio, uma tela de 7" com 800x480 pode parecer muito pequena, mas depois de usar o Classmate (que usa exatamente a mesma tela usada no Eee) vi que se adaptar a ela acaba sendo em grande parte uma questão de costume. Você acaba se acostumando a usar truques que aumentam a área útil da tela, como usar o Firefox em tela cheia (F11) e desativar a exibição das réguas no OpenOffice.
O maior problema é que você acaba usando muito mais scroll da tela ao navegar. No caso de menus e painéis maiores que a resolução da tela, é possível arrastar a janela para fora dos limites da tela, obtendo assim acesso aos botões e opções da parte inferior segurando a tecla Alt e arrastando com o mouse. Aqui vão alguns screenshots de como é o mundo a 800x480:
index_html_76264a83
index_html_m60b1923b
index_html_m1d1d07c7
Outra grande diferença em relação a um notebook tradicional é que o HD foi substituído por um disco de estado sólido, composto por de 2 a 8 GB de memória flash.
Isso visa sobretudo reduzir o custo de produção, já que um HD possui um custo de produção mais ou menos fixo, independentemente da capacidade, enquanto no caso da memória Flash você pode gastar menos utilizando uma quantidade menor. Os HDs de 2.5" mais baratos custam cerca de 50 dólares par os fabricantes. Conforme a tecnologia vai avançando, são produzidos HDs de maior capacidade, mas o custo unitário continua estabilizado no mesmo patamar. A memória Flash por sua vez, continua caindo de preço, de forma que em situações onde você precisa de pouco espaço de armazenamento, usar memória Flash acaba sendo muito mais barato, além de oferecer outras vantagens, como o baixo consumo elétrico e o fato de os chips de memória flash ocuparem menos espaço físico do que um HD.
No Eee os chips de memória Flash são diretamente soldados à placa mãe, como você pode ver no canto inferior esquerdo desta foto (também publicada pelo 3Dnews.ru) onde temos os dois chips de memória Flash, ao lado do controlador:
index_html_m23094f67
É possível expandir a memória de armazenamento usando um cartão SD, um pendrive, ou mesmo um HD externo ligado a uma das portas USB, mas não é possível substituir ou atualizar os chips da memória interna, já que eles são soldados à placa-mãe.
Ao invés de vir com o Windows XP, como seria de se esperar, o Eee roda uma distribuição Linux otimizada para o aparelho (baseada no Xandros). A proposta é que ele seja fácil de usar, com foco no público geral, que quer um aparelho portátil para acessar a web e rodar aplicativos leves.
O principal motivo é a redução do custo, já que mesmo uma cópia OEM do Windows custa pelo menos 50 dólares para os fabricantes, o que encareceria demais o projeto. Além disso, usar Linux permite que ele venha com um conjunto maior de aplicativos pré-instalados, o que é interessante dentro da proposta.
index_html_m5a07292c
A principal observação com relação ao HD de estado sólido é que ele é ligado ao barramento USB e não a uma porta SATA ou IDE, como um SSD tradicional. Isso faz com que ele seja visto pelo sistema exatamente da mesma maneira que um pendrive, o que traz dificuldades de instalação em muitas distribuições Linux, além de complicar um pouco a vida de quem decidir instalar o Windows.
Você pode se perguntar como seria possível substituir o sistema operacional, já que ele não possui drive de CD-ROM, mas na verdade isso é relativamente simples, já que você pode dar boot usando um pendrive, um HD ou CD-ROM USB (hoje em dia existem adaptadores baratos, que permitem ligar um HD ou CD-ROM tradicional na porta USB) ou, para quem tem uma veia geek, até mesmo dar boot via rede.

Concluindo, o Eee possui também uma placa wireless, baseada no chipset Atheros AR5BXB632, que é instalada em um slot Express Mini na placa-mãe. Entretanto, ao invés de ser ligada a uma linha PCI Express, este slot é ligado ao barramento USB, o que faz com que a placa seja detectada pelo sistema como sendo uma placa wireless USB. Na prática não faz muita diferença, já que basta instalar os drivers apropriados, mas não deixa de ser uma curiosidade.
O Eee usa uma bateria de quatro células (a maioria dos notes usa baterias de 6 células), que temos em destaque nessa foto de um site chinês:

index_html_m79be5c8c
As especificações falam em 4400 ou 5200 mAh de capacidade para a bateria (de acordo com o modelo), mas é importante notar que ela trabalha com uma tensão mais baixa (7.4V ao invés de 11.1V), por isso a capacidade total é proporcionalmente mais baixa.
Enquanto uma bateria de 11.1V de 4400 mAh armazena 48 watts de eletricidade, a bateria de 4400 mAh e 7.4V do Eee armazena apenas 32 watts-hora.
Ainda segundo as especificações a bateria é suficiente para 3 horas de uso, graças ao baixo consumo geral do aparelho. Como o Celeron ULV não possui suporte ao SpeedStep, o consumo não varia tanto entre os momentos de atividade intensa e os momentos em que o processador está ocioso. Se o consumo não for diferente do Classmate (que como vimos é muito similar do ponto de vista da arquitetura), você pode esperar uma autonomia próxima 3 horas prometidas, possivelmente algo entre 2h e 30 minutos e 2h e 45 minutos na maioria das situações.
O Eee será vendido inicialmente em 4 modelos. O 2G Surf é o modelo mais simples, com 256 MB de RAM e 2 GB de memória Flash, sem webcam e com a bateria de 4400 mAh. O modelo seguinte é o 4G Surf (4G SR), com 512 MB de RAM e 4 GB de memória Flash, que também vem sem webcam e com a bateria de 4400 mAh.
Em seguida temos os modelos 4G Dock e 8G Premium. Ambos vem com uma webcam de 0.3 megapixels integrada à tela e com a bateria de 5200 mAh, que gerante uma autonomia um pouco maior. O 4G Dock vem com 4 GB de memória Flash, mantendo os mesmos 512 MB de RAM que o 4G Surf, enquanto o Eee PC 8G Premium virá com 8 GB de memória Flash e 1 GB completo de memória RAM:
index_html_mf7dd1b9
No exterior, os modelos custarão de US$ 299 (para o 2G Surf) a US$ 399 (para o 8G Premium). Existe ainda um modelo não confirmado, com bateria de apenas duas células e com modem discado no lugar da placa wireless que pode eventualmente vir a ser lançado a um preço mais baixo.
Lá fora, ele estará disponível em quantidade a partir do início de novembro. A Asus chegou a fazer uma espécie de "pré-venda" em algumas lojas de Taiwan, fornecendo uma pequena quantidade de Eee's, que, naturalmente, foram vendidas rapidamente, já que com certeza haviam muitos curiosos. Isso acabou servindo como um golpe publicitário, já que a notícia de que "as unidades se esgotaram no primeiro dia" acabou correndo.
No Brasil, o Eee chegará oficialmente apenas em dezembro, com um preço sugerido de R$ 1099 pela versão 4G Surf (4 GB, 512 MB de RAM e bateria de 4 células). Como de praxe, o preço é muito mais alto que no exterior devido à nossa exemplar carga tributária. Este valor inclui também uma certa margem de lucro para as lojas, por isso é bem provável que algumas lojas que trabalham com margens mais estreitas o vendam por um preço um pouco mais baixo. Como de praxe, devemos ter também os modelos do mercado cinza, também um pouco mais baratos.
Apesar do preço final ter ficado bem acima dos US$ 200 divulgados inicialmente, o Eee não deixa de ser um aparelho promissor, já que é consideravelmente mais leve e mais barato que os notebooks ultra-portáteis atuais. Como a maioria das pessoas utiliza o notebook como um dispositivo de comunicação, sem rodar aplicativos muito pesados, podemos imaginar que o Eee tem potencial para conquistar uma boa fatia do mercado.
É bem provável que outros fabricantes lancem produtos similares nos próximos meses, o que deve empurrar os preços para mais perto dos US$ 200 originalmente anunciados.

Postar um comentário